A arte de fazer networking (mesmo não gostando disso)
Eu sempre me perguntei como as pessoas conseguiam tão facilmente fazer networking em eventos. O que, pelo menos, era o que indicavam os artigos sobre o assunto. De acordo com grande parte deles, o segredo era escolher os lugares certos para ir e encontrar as pessoas que importavam para sua carreira. Nada esclarecedor, no meu ponto de vista. Até sabia quais seriam as palestras e workshops que me interessavam mais e presumia que haveria profissionais incríveis por lá. Porém, meu conhecimento e “atuação” para estabelecer conexões parava por aí.
Tenho que assumir: detesto e tenho medo de fazer networking. Na verdade, o que mais me causa aflição é o conceito abstrato bastante divulgado e praticado por aí. Em algumas ocasiões, encontrei profissionais que mais pareciam falcões. Eles olhavam atentamente para quem passava, mantinham os sentidos aguçados no que dizia cada crachá e iam em rasante em direção a quem se enquadrava no seu público-alvo, naturalidade zero. E, como é abordado no livro “As armas da Persuasão”, de Robert Cialdini, faziam uso de técnicas que obrigavam, no mínimo, a escutar tudo que você (e os demais) não queriam saber.
Claro, se a técnica não surtisse efeito (pode ser mínimo), não existiriam os falcões. As inúmeras táticas aplicadas após capturar a presa rendiam não só contatos, mas até vendas instantâneas. E esse é apenas um dos tipos de networking que não vamos aprender a fazer. O outro que também evitaremos é o conhecido método do mágico. Como funciona? É necessário cartões, muitos deles. Depois, basta sair distribuindo, fazendo com que apareçam magicamente em qualquer que seja o momento. Não se esqueça também da pressão social da retribuição, deve-se pedir o cartão de todos (mesmo que eles não estejam tão propensos a manter contato).
Se você, assim como eu, também não gosta desse tipo de networking, com certeza irá aproveitar as dicas dadas por Allen Taylor (Managing Director, Endeavor Catalyst).
Como fazer networking e gostar disso
Imagine só, o tema da palestra era “Como fazer networking e construir uma incrível rede de contatos”. Sentada no auditório, algo que não parava de perguntar a mim mesma era: por que estou aqui? Afinal, nunca acreditei em fórmulas para fazer networking. Bom, foi uma sábia decisão entrar naquela plenária. Na ocasião, Allen Taylor, da Endeavor Catalyst, começou sua fala com algo incrível – bum, eureka, epifania! Era preciso ver “pessoas” e não “negócios”. E, comece sempre com “o porquê”:
Por que você está aqui?
Por que você está fazendo isso?
Por que eu estou aqui?
A questão real está não em trocar cartões ou se basear em crachás, mas entender as pessoas. Por isso, a resposta pode vir por meio de um: por que você está aqui? Parece simples, mas isso facilita e tanto uma interação verdadeira. Além disso, há mais tópicos que Allen Taylor apresentou e que irei compartilhar resumidamente:
O que é networking?
A pergunta que não quer calar e responsável por vários conceitos complexos que não dizem nada. Segundo Taylor, networking é identificar e encontrar pessoas, investir em relações que no futuro serão proveitosas para todos. Trocar cartões é fácil, estabelecer uma conexão exige comprometimento.
Confiar e compartilhar
A construção de uma cultura de confiança faz parte do networking. Não tenha medo de que alguém irá roubar suas ideias. Quando há o compartilhamento, em geral, são recebidos feedbacks e colaboração para tornar uma ideia ainda melhor.
Mentores e “amigos mentores”
Não veja a mentoria como um relacionamento formal. É natural querer esclarecer dúvidas e aprender com quem tem mais experiência. Quando se encontram mentores que podem ajudar, não se prenda por protocolos, crie amizades.
Curiosidade! Faça perguntas espertas
Quando se esquece da “obrigação” do networking, torna-se mais divertido o processo de conhecer pessoas, saber o que elas fazem, o que querem para o futuro. Isso se consegue ouvindo muito! Falar menos de si e deixar para os outros. Aprenda e conecte-se.
Seja o primeiro a ajudar
Antes de pensar em pedir algo, ofereça primeiro. Isso cria um círculo de contribuições e colaboração saudáveis.
Oportunidades
Crie sua própria sorte. Para ter relações verdadeiras, é preciso que exista um incentivo. Isso irá potencializar oportunidades.
Fazer networking pode ser algo que já é feito naturalmente por muitos. Quando dentro de um lugar ou evento procuram conversar, conhecer e aprender. Sem necessariamente pedir um favor ou ajuda em troca. Pelo contrário, pode ser oferecendo algo. É fundamental desmistificar, perder ou medo ou ver como uma tarefa “grandiosa” o networking. Faça de forma simples e intensifique suas relações.